A psicanálise era assunto para poucos privilegiados. Parecia doce gostoso nas vitrines de confeitarias luxuosas: só com muito dinheiro para ter acesso a ele.
Não mais. Meus artigos, por exemplo, são psicanálise simples, direta e informativa. E com sorte, com um gostinho de literatura, de bom humor que dão o prazer da leitura e não só o da informação.
Tem muito de Jorge Forbes nisso. Ele é o analista brasileiro que mais longe está indo no estudo e aplicação dos últimos achados teóricos de Jacques Lacan.
Ele é capaz de frases como esta: “A psicanálise do século 21 é uma administração de qualidades e não dos defeitos. E é muito difícil suportar as qualidades, todo defeito é solidário e a qualidade é solitária”. Julgue por você mesmo.
Forbes produz desdobramentos da teoria dos últimos anos de vida de Jacques Lacan, cavando pepitas teóricas que apontam para a renovação da psicanálise do começo do século 20 para acrescentar propostas de rumos necessárias para o século 21.
Renovação que é expressa em idéias como a “conseqüência”. Freud não mais só explica; implica. Ou seja, um analista busca a compreensão, os porquês, na medida do que é necessário, mas acima de tudo busca fazer um trabalho que incidirá sobre as atitudes da pessoa. Quanto a isso Lacan ensina a não olhar para o que a boca está dizendo mas para onde os pés estão indo.
Chega de blá-blá-blá explicativo e justificativo, já que “na vida não tem ensaio geral”. O que se vive já é a festa, o carnaval, ou o inferno, o enterro… o fato, o feito.
Então, é isso que estou dizendo: que existe uma renovação na teoria psicanalítica que se propõe a trabalhar em um mundo sem ideais, sem verdades acabadas, um mundo globalizado e, portanto, com grande troca de informações, valores e possibilidades.
As questões dos sujeitos hipermodernos, que somos nós, são bem diferentes das do começo do século 20, quando foi forjada a psicanálise. Continuamos a nos alicerçar nela, sim, sem dúvida, mas os acréscimos – muito mais do que as retiradas – se devem a novas necessidades. São outros os conflitos, as fontes do sofrimento humano.
Já sabemos que só saber não é necessariamente a condição para mudar, para agir de forma melhor para si mesmo.
É essa a ênfase da psicanálise do século 21: fazer cair a ficha de que, explicando ou não, o sujeito vai continuar a viver a vida ruim que busca justificar.
Se ele não se decidir a usar as pernas que tem, ninguém virá pegá-lo pela mão e conduzi-lo ao paraíso perdido. E se alguém vier tentar conduzi-lo, vai cobrar o preço da sujeição ao condutor de ceguinhos. Sim, porque o caminho é o do outro, não se esqueça.
A psicanálise hipermoderna cobra em dinheiro o seu trabalho para não cobrar de outras formas e está aí para possibilitar o sujeito a se conduzir por seus próprios caminhos, já que estamos descobrindo que não dá para confiar nos caminhos dos outros. O “eu sei o que é melhor para você” não convence mais.
Nem eu mesmo sei o que é melhor para mim de antemão. Em cada situação há que se fazer escolhas, construir, destruir, inventar e sustentar.
E nos sustentar em um mundo sem padrões, sem escoras, sem desculpas, só é possível se nos responsabilizarmos pelo que nos acontece e pelas respostas que daremos ao imprevisto – como agiremos de acordo com o que nos chega no dia a dia.
Não cola mais dizer que o chefe é um chato, que a mulher é cobradora, que o marido é um bolha e você um sofredor(a) que “tem que aguentar” esses “karmas” na sua vida.
E você, o que faz com o que está lhe espetando e estragando os dias de vida?
Reclama, justifica e explica?
Mude de século. Isso já não cabe mais.
Adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii seu artigo, gostei tanto que acrescentei-o em meu face, obrigada pela força.
Um forte abraço!
Corajoso seu artigo. Vivemos na era da informação, mas muitos ainda usam esses instrumentos para se queixarem simplesmente. Pense no trabalho dos críticos… que trabalho infeliz quando apontam mais as falhas do que os acertos.. Estimular, incentivar , apontar o sucesso é o você faz nos seus artigos e isto é fazer e não explicar. Somos gratos por seu fazer desejasante.
Por sua escrita, melhor escritura de um bem enorme para todos que a lêem.