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Você sabe o que é narcisismo?

Narcisistas são aquelas pessoas que se acham o máximo. Elas são melhores do que todo mundo. Tudo o que lhes pertence é mais isso, mais aquilo. Estas seriam respostas da maioria das pessoas.

E se ser narcisista não significasse nem de perto o que se pensa comumente? E se a fanfarronice do dito narcisista não passasse de uma tentativa desesperada de parecer ser alguma coisa?

O narcisismo é um modo de funcionamento psíquico em que o sujeito só consegue se ver refletido no que vê no rosto de outro ser humano.

Se ele se mostra querendo ter a confirmação de sua inteligência, por exemplo, vai dizer algo impactante e olhar para o interlocutor. Se, e somente se, vir refletido no olhar do outro a confirmação de sua inteligência é que terá, momentaneamente, a convicção da existência dela.

Quando digo momentaneamente é isso mesmo. Porque o narcisismo, ou seja, a dependência do olhar do outro, só se sustenta diante do olhar do outro. Quando passa um tempinho lá vai o cego procurar quem o vê para dizer-lhe quem é, como está naquele momento, etc.

É o que se passa com as chamadas “pessoas inseguras” que ficam o tempo todo buscando, de formas mais escrachadas ou mais sutis, que digamos como elas estão. Coisas do tipo: “Você acha que essa roupa ficou bem mesmo?” Aí você responde que sim. Daí a pouco o saco sem fundo, sem nenhuma raiva nisso, porque é saco sem fundo mesmo, pergunta de forma enviesada: “Parece que a saia está meio curta, não é mesmo?” Então você, conclamado para ser o espelho-do-outro, retorna a imagem: “Não está curta não. Está bem assim”.

No que você pensa que vai descansar, vem outra pergunta, desta vez disfarçada em reflexão em voz alta: “Sei não, mas essa blusa tá meio larga”. E você, resistindo bravamente, desta vez não diz nada. Vira de lado e finge de morto. Nem pense que funcionou porque lá vem o complemento da “…blusa tá meio larga, você não acha?”

Meu amigo ou minha amiga, você não tem escapatória. Vai ter que achar algo. Afinal é algo terrível alguém se olhar no espelho e não ver nada. É muito angustiante. Aliás, é como os vampiros que não têm a capacidade de ver a si mesmos refletidos no espelho e vivem do sangue alheio.Afinal o que seria viver do sangue do outro?

Há, desta forma, uma dependência do outro para me dizer quem sou. É como se eu precisasse da complementaridade, sem ela é o desgarramento, não sei de que maneira posso me apreender.

Quando o outro não está lá onde eu o espero, dizendo o que quero ouvir, me dá uma crise de reconhecimento e eu não sei onde amarrar a minha égua.

No entanto, até aqui ficaria tudo bem se não fosse o fato de que essa cegueira – que exige que eu utilize o olhar do outro para me ver – me deixa numa situação de desamparo frente a esse outro que detém as coordenadas de meu destino.

Dai passo a viver na expectativa do reconhecimento do outro. Passo a viver uma vida de “escravo” da expectativa do outro”, segundo Jorge Forbes.

Se me fio naquilo que o outro diz de mim fico indefinidamente em suas mãos, e não se esqueça de que todo olhar é interpretativo. Então eu coloco o meu destino nas mãos de alguém que “acha” isso ou aquilo, conforme a visão que tem da situação.

É uma submissão impotente diante de alguém que não pode saber de você mais do que você mesmo.

Arriscar-se sem a garantia do outro é uma saída que vai lhe dar potência. Se orientar no mundo sem perguntar o que o outro espera de você vai lhe abrir uma vida de invenções e não de tentativas de corresponder ao desejo do outro.

E uma vida de invenção e não de submetimento é o caminho certo para dias vividos em um estado de bem estar com você mesmo. E por que não dizer descaradamente, dias felizes com você mesmo?

Este post tem um comentário

  1. Maria Helena Ferreira

    Hoje, depois de conhecer os princípios da psicanálise sei viver muito, muito e muito bem mesmo, sem esperar nada de ninguém a não ser de mim mesma, aprendi a viver sem expectativas, sei me preencher e me fazer feliz a cada dia que saboreio este planeta fantástico chamado de “Vida”.

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