Esse mundo existe mesmo?
Existe e é o mundo da criança.
Crescer é coisa pra poucos.
Ser infantil é viver no mundo do pensamento mágico. É não ligar causa e consequência.
Ser capaz de ver a conexão causa e consequência não é ser obediente e nem bonzinho. É arcar com as consequências de escolhas não avalizadas pelos outros. Difícil de distinguir? Vejamos algumas vinhetas.
Não vê causa e consequência aquele cara que, para ser pai e orientar o filho, dizia sempre que ele (o filho) estava errado mesmo quando não era o caso, e isso para poder “ensiná-lo”, já que era esse o seu papel.
Qual foi a consequência?
Gerou um filho que ao longo da vida vai duvidando de si e dizendo que é confuso, não sabe escolher, não sabe o que é bom para si. O pai não via a consequência óbvia de dizer que o outro não sabe: ele vai pensar que não sabe.
Outra vinheta.
Aquela moça linda que se casa com o cara apaixonado pelo seu belo corpo e que depois de algum tempo, talvez o primeiro ou o segundo filho, vira aquela descuidada de si e perde a bela forma. Embola-se por fora e embota-se por dentro. Mãe bonita é coisa linda de se ver, mas algumas escondem atrás da maternidade a sua falta de garra, fazem dela um barranco pra deixar o mundo passar por cima.
Consequência?
O marido, cuja predileção pelos belos corpos não foi enterrada com a morte da bela noiva com quem se casou, vai morrendo como homem dessa mulher, mas não das outras. Aí cai o barranco que segura a preguiçozinha que se encostou nele pra dar uma descansadinha de uns 20 a 30 anos até a velhice chegar pra salvá-la eternamente dos trabalhos de se esforçar para ser mulher. E o homem… Hã? Ah! O homem? Já se foi.
Vinheta 3.
Aquele rapaz que se esforça pra caramba. É bom em tudo o que faz, mas não conclui nada. Fica sempre um restinho, um rabinho pra coisa ser acabada, curtida, perfeita. É o incauto com um sorrisinho amarelo, meio gozoso, que acha que está numa brincadeira até que se descobre aos 40 anos de idade sem ter seguido uma escolha, ficando perdido em brincar de labirinto.
Achamos mais do que pensamos que o que fazemos não tem consequências reais em nossas vidas.
Falamos brincando que somos burros para justificar a falta de empenho que nos levará a uma vida medíocre e depois queremos nos convencer de que não entendemos o porquê dela ser medíocre.
Dizemos que somos feios mesmo (ou qualquer outro predicado), mas não nos esforçamos por melhorar em nada e depois queremos dar uma de lesos pelo fato de ninguém nos dar valor, sem ver que quem não nos dá valor somos nós mesmos. No fundo somos nós que convencemos as pessoas de que não valemos a pena.
Convencemos as pessoas de que não valemos a pena quando nos ridicularizamos meio que disfarçadamente, quando mostramos aquela leve forma de não nos levarmos a sério, quando não aceitamos (por covardia, diga-se de passagem) os elogios que nos comprometem a estar à altura.
Examine as sutilezas de sua vida e veja se não tem recônditos, buraquinhos, tentativas de infantilmente se sustentar no pensamento mágico. Coisas do tipo: “Eu vou beber e dirigir e nunca vai acontecer nada” ou “Eu vou me comportar como uma periguete e o cara vai me ligar no dia seguinte”.
Acorde! Não se iluda! Os atos geram consequências. O plantio é optativo, mas a colheita é obrigatória. E não venha dar uma de bobinho e inocente dizendo que não sabe o que está plantando porque isto simplesmente não te salvará das consequências da colheita.
Parece muito óbvio, mas muita gente vive se engrupindo dessa forma de novo e de novo sem se dar conta do prejuízo.
Resumindo: sua vida tal qual se encontra hoje – boa ou ruim – é a mais pura consequência.
A sua vida é uma consequência.
É verdade, a minha vida hoje é consequência do que plantei, estou colhendo bons frutos, graças a Deus!
E…quanto mais tarde plantarmos mais tarde colheremos!
E… Se não plantamos não colhemos !