Há muitos anos, em uma conversa íntima, um amigo me disse algo de tamanha beleza, profundidade e poesia que décadas depois me pego de vez em quando pensando em sua frase, sorvendo-a, maravilhando-me como fico diante do mar com o olhar perdido no infinito enquanto minha alma pasteja as belas palavras, se nutrindo de puro prazer.
Ele me disse com os olhos faiscando de felicidade: “Sabe qual é o maior presente que uma mulher pode dar a um homem?”
Eu muda, num impasse, numa quase ânsia de ouvir aquilo que se anunciava, já pela pergunta e pelo tom de voz, como uma verdade inesquecível.
Não deu outra.
Meu amigo, baixando os olhos pensativos, continuou: “São seus gemidos de prazer na cama”.
Falar o quê? Palavras não recobrem. É sentir as ondas de emoção.
É verdade: certas pessoas ao nosso redor nos fazem muito bem com o seu jeito de ser, com suas atitudes ou com seus gostos.
Acontece que quando uma mulher geme de prazer na cama ela está dando ao homem o atestado de competência masculina. O que é, por um lado, verdade; por outro, não. É que ela tem mesmo a capacidade de se deixar encantar, de se deixar amar e de ter prazer com o que lhe dão, mas também com o que ela consegue recolher.
Imagino que deve haver muitos homens ou mulheres que se dão com competência, que se envolvem com tudo no amor, mas não têm a contrapartida porque o outro lado não é capaz de receber e retornar em forma de gemido ou de qualquer outra forma.
O bem que o outro me faz é, de seu jeito único, me retornar que a vida é gostosa ao meu lado, que compartilhar seus momentos comigo é prazeroso. É genuinamente gostar e curtir a minha presença, não só por mim e pelo que eu sou, mas igualmente e principalmente pelo que a própria pessoa é.
O bem que as pessoas nos fazem pode vir em diversos pacotes, não só no sexo, pois essas reflexões me vieram, e de novo me fizeram pensar na frase inesquecível de meu amigo, por causa do riso de uma amiga atual.
Me peguei dizendo a ela, em diversas ocasiões, que aquela risada dela estava deliciosa. Me escutei falando isso…
Me dei conta das diversas vezes em que já tinha falado para mim mesma que aquela sonoridade, naquele tom, com aquele sorriso nos lábios, aqueles olhos brilhantes buscando a cumplicidade dos meus numa explosão de gargalhadas, risos ou sorrisos estava me fazendo muito bem. Eu estava experimentando um prazer deliciosamente compartilhado.
Depois disso, fui juntando uma coisa com outra e, mais uma vez me escutei, tendo conseguido me lembrar de como, em muitos momentos da vida, já havia dito esta frase aos mais íntimos: que acho a risada um presente dos deuses. Quando alguém ri, sonora e gostosamente ou mesmo meio timidamente, mas com aquele prazer indisfarçável, me vejo diante de um dos milagres da vida.
A irrupção do riso no meio de um encontro, de uma conversa, é a deliciosa revelação de que sua presença é bem-vinda, é agradável e libertadora.
Sim, porque o riso libera, deixa voar, como num balão de gás hélio, algo que estava lá dentro e que, ao ganhar o mundo, vira outra coisa. Vira leveza do corpo e da alma.
Adoro ver quem está do meu lado rir!
Adoro ver quem está do meu lado feliz!
Como a vida fica mais ensolarada e ampla!
Como a vida fica com muitos sinais de exclamação!
Descobri hoje, neste momento em que escrevo, o bem que os que me rodeiam me fazem quando riem e são felizes perto de mim.
O seu prazer me provoca prazer, o seu riso abre um outro riso em mim. O seu sol faz nascer um sol para mim também.
Me dou conta, meio atordoada de emoção: não existe nada melhor do que compartilhar a vida com gente feliz.
adorei, mas queria ouvir sua voz, lucieny, voce me transmite uma mulher maravilhosa, que sinto inveja de quem pode estar perto de voce. te adoro.leio todas as vezes que voce escreve no jornal o popular.