Luciene Godoy //
Qual seria o destino de milhares de vidas humanas, vida ou morte, guerra ou paz, se, por um golpe do acaso, o presidente russo caísse perdidamente de amores por alguém?
Minha questão sobre a vida emocional do presidente russo tem fundamento, pois, em uma entrevista recente na TV francesa com o diretor do filme Slava Ukraini (Viva a Ucrânia), Bernard-Henri Lévy, afirma que Putin é conhecido por aquelas bandas como um zumbi, um ser humano sem vida, sem amigos, cuja única ação de um suposto prazer é se dirigir à sua dacha.
Fiquei pensando no Vladimir Putin e no outro, também Volodymyr, mas, Zelensky e me permito fazer um contraponto entre os dois. O Russo entrado já na velhice, e, a meu ver, com um rostinho visivelmente botocado e preenchido, porque a vaidade exige e a decadência bate às portas. Ele tem cara de menino enraivecido, triste, fechado, um menino “brabo” que transborda infelicidade.
Já o “Vladimir” ucraniano é jovem, corpo ágil, cara de herói determinado, a força dos que lutam pela terra onde nasceram e não por líderes que buscam completar seu corpo perdido, sua potência perdida em ações de incorporar mais terras, de expandir seus limites para sentir-se, digo e repito, para sentir-se como um ser mais poderoso porque o poder sobre o próprio corpo se esvai.
A inveja mata, já diziam nossos avós.
Infelicidade afetiva pessoal provoca guerras? Certamente, grandes e pequenas. Desde guerras em casal, em família, no trabalho, no mundo. Ter prazer muda a maneira de cada um de nós lidarmos conosco e com o mundo. *
Mas, e que maravilha é, quando estamos amando é o oposto que acontece!
Lembro-me do caso de uma amiga que, apaixonada, me diz ter subido a Av. Anhanguera, aqui em Goiânia, se segurando para não beijar as árvores, abraçar os postes, rolar na grama e parecer louca. Vontade de amar o mundo, de beijar, abraçar, se enrolar de prazer e gostosura no mundo externo porque o mundo interno estava transbordando para fora o prazer que estava lá dentro.
Ah! Se Putin experimentasse isso – ele e outros/as – não haveria mais guerras no mundo. Estaríamos amando e cuidado de nossos velhos e nossas crianças. Estaríamos fazendo amor em quantidade e qualidade superior. Estaríamos nos dando valor e aos outros seres humanos também.
Torço para que isso aconteça com o Putin – um amor à primeira vista – porque temos pressa, precisamos dessa força gigantesca da energia que constrói, porque ela será o grande atalho para transformar esse e outros conflitos em trocas construtivas, amorosas, prazerosas!
Daqui do meu cantinho é o que de melhor posso fazer, desejar um amor que expanda os limites dos pobres diabos sem amor, acreditar no efeito borboleta do poder de um bater de asas e continuar, aqui em Goiânia, o meu Projeto Bebê Canguru, que ensina a receber os bebês dentro de um útero, terno instrumento que lembra o paraíso perdido, o primeiro tipo de amor que traz paz ao corpo que tudo perdeu.
Desejo a PAZ INTERNA a todos esses que a perderam em desamores vividos, que os transformaram em destruidores, porque foram destruídos.
Que – pelo amor de alguém – aprendam a amar a si, para então amar o mundo.
Azul … o amor é azul, diz a música.
“A Terra é azul e belíssima”, disse um outro russo, Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a vê-la flutuando no espaço e, acrescentam alguns, ele teria pedido: “não a destruam”!
___
Originalmente publicado no jornal O Popular em 26 de junho de 2023.