O amor pode fazer mal?

Awakening of Adonis (John William Waterhouse, 1900)

Luciene Godoy

Pergunta desnecessária. Todo mundo vai dizer não, claro que amor não faz mal. Quanto mais, melhor.

Tenho até um amigo que diz: “canja de galinha e amor não fazem mal a ninguém”.

É difícil contestar.

Mas, vá lá, eu contesto.

O maior mal que podemos fazer a alguém é amá-lo sem limites. É dar sem que ele conquiste. É não exigir, não pedir provas, não desaprovar para que o outro se supere. Ele se dará por satisfeito com o nada que faz e mesmo assim te conquista.

Quer mal maior do que este?

É, mas ainda tem mais.

Ele não tem razões para crescer, mudar, melhorar porque já é amado do jeito que é. Não tem necessidade de vir a ser. Ficará um ser humano pobre e medíocre. E, infelizmente, muito, muito freqüentemente mesmo, será um fracassado.

Bem, mas afinal de contas quem é essa pessoa, esse santo/a que ama tanto assim, a ponto de não ver ou levar em conta as faltas do outro? Quem é esse cego?

É, com certeza, um apaixonado. Pode ser namorado, noiva, amigo, marido, mulher, pai, mãe. Pouco importa, será sempre um apaixonado – leia-se: alguém que projeta sua própria imagem no outro e por isso “ama-o” loucamente (como um louco mesmo!).

Isso acontece muito entre um pai ou uma mãe com o seu filho “preferido”. Que não existe, porque, todo mundo sabe, o pai e a mãe amam a todos os filhos igualmente.

Coitados dos filhos “prediletos”! Não passam de meros reflexos narcísicos dos pais. Coitados porque tem o seu ser saqueado, roubado pelo olhar de um outro que insiste em ver perfeição aonde não existe e não permite a construção de nada que contrarie a sua projeção.

Reflexo narcísico, explicando melhor, não é somente uma semelhança física ou emocional. É qualquer coisa que ao fazer o filho, a imagem de seu investidor – pai e/ou mãe – ficaria intoleravelmente afetada.

Por exemplo, aquele pai cujo filho de vinte e poucos anos bate o carro pela enésima vez e o pai, como se outra escolha não tivesse, compra-lhe um outro.

Ou a mãe que, todos sabem, se preocupa, cuida, protege o seu “queridinho” sem que se possa disfarçar. Aliás, o “inho” de queridinho vem bem a calhar porque, muito freqüentemente, o diminutivo é muito usado nessas circunstancias. São os Julinhos, os Marquinhos, as Aninhas e infinitos outros “inhos” que estão impedidos de crescerem e virarem homens e mulheres.

É … parece que tem muita coisa que chamamos de amor mas, que simplesmente não é! Pode ser projeção, por exemplo, e nesse caso faz muito mal.

Quer pior ou vai se contentar com essas razões?


Artigo originalmente publicado no jornal O Popular em 21 de julho de 2011. 

Este post tem 2 comentários

  1. Shun

    Nossa que ridículo, parei de ler na metade. Você não tem noção do que é Amor minha querida. Pare de escrever sobre o que não sabe. Sua visão sobre o amor é totalmente mundana, utilitária. Disso já estamos cheios. Medite mais.

  2. Bárbara

    Que comentário mais idiota, ô Sr.(a). Shun. Era melhor não tê-lo feito, quem não sabe nada de amor, é você! Você é ridículo! Aff.

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