Sempre me encabulou o quanto as pessoas insistentemente querem saber o sentido da vida. Necessidade do ser humano saber qual é o significado de se estar aqui nesse planeta.
Ocorreu-me recentemente uma resposta simples e direta como aquelas que o Pequeno Príncipe dava às “grandes” questões da vida. De repente me percebi pensando: “O sentido da vida é para frente, ora essa”.
Siga o rumo.
O sentido da vida não é em direção ao passado, mas ao futuro. Não esse futuro no qual se tenta adivinhar formas de se proteger ou marcar um encontro certo com a felicidade lá adiante.
O sentido da vida é morar no presente, usufruir o presente sempre rumando para frente, para o que vem vindo no fluxo dos acontecimentos. Mas viver mesmo, só aqui nesse momento que é o que temos.
Todo esse questionamento acerca do sentido da vida é uma forma de não deixar o passado ser passado. Sem se darem conta, as pessoas se fixam nele.
Uma prova de fixação no passado é o “medo de sofrer”. Medo de sofrer o quê? Medo de sofrer o que já se sofreu, obvio. Ninguém tem medo do que desconhece – conhece pelo menos nas fantasias que faz a respeito da ameaça.
Quem já namorou alguém que foi traído sabe o martírio que é ser objeto de desconfianças múltiplas. É que o traído tem o “medo-certeza” de que será traído de novo.
Nesse caso, qual é o sentido da vida dessa pessoa? Sentido passado. Qual é o rumo que está seguindo? Está indo para trás. Sentido retorno. Sentido sofrimento.
E aqueles que dizem que “eram felizes e não sabiam”? Nesse caso, estão dizendo que o passado era bom. Era mesmo, só que estão também dizendo que o presente está ruim.
Qualquer uma das duas versões do passado torna o presente um sofrimento.
Seguir para baixo, para cima, para esquerda ou direita, tudo parece tão complicado. Complicado é querer se fixar, fazer a vida parar, se agarrar ao conhecido para se garantir e aí morrer agarrado à doce sereia da garantia, que, sedutora, nos convida para o lugar do morto.
Qual é o sentido da vida? É reconhecer o presente de ter sido um dia convidado para nela entrar.
O presente da vida é vivê-la.
O presente da vida é estar presente no presente.
O presente da vida é usufruir do presente caminhando para frente, vivendo o que vem aparecendo e/ou sendo construindo.
Rumar ao passado é perder-se no que não tem mais vida.
O sentido da vida não é a morte nos sofrimentos passados. O sentido da vida é viver “o” e “no” presente.
Quando se está no presente o sentido vai rumo ao futuro, e o futuro é cheio de possibilidades e de novas respostas. Isso se não teimarmos em jogar o que foi doloroso no passado lá adiante, num retorno macabro de cartas marcadas pelas nossas crenças no que aconteceu.
Quando antecipamos um futuro ruim, com promessas de dor, geralmente não nos damos conta de que não estamos no futuro, mas no passado, de novo com o “medo-certeza” de que os sofrimentos vividos no passado se repetirão adiante.
O “medo-certeza” de sofrer “de novo” é a marca de que se está no passado, garantindo um futuro igual. O futuro será mesmo igual ao passado desde que não tenhamos jamais saído lá de trás. Coisa que acontece com muita gente. Nesse caso, o futuro nada mais será do que a repetição garantida de um passado do qual, veja bem, nós nunca conseguimos sair.
Agarrar-se às identidades formadas e não abraçar as novas, ver a si mesmo da mesma maneira – prisioneiro da repetição –, é não ter, na estrada da vida, tomado a direção para frente.
As pessoas sempre quiseram saber o sentido – o significado – da vida porque não lhes ocorreu que o sentido – direção – é que é o que pesa. Como se tentassem se libertar de um mal estar pela via da compreensão, paradas, “olhando a vaca morta” e refletindo, esquecendo, desse modo, que o sentido é ir adiante. É caminhar rumo ao futuro com os pés pisando firme no presente.
” Qual é o sentido da vida? É reconhecer o presente de ter sido um dia convidado para nela entrar.”
Adorei ! A vida é mesmo uma festa… e numa festa sempre tem coisas q dão errado, mas no geral é para se curtir e comemorar!