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"The Stillwell Family", de John Singleton Copley (1786)

Ah! Esses maravilhosos homens do século 21!

Luciene Godoy //

Sim, esses maravilhosos homens do século 21 e sua linda capacidade de amar.

E antes eles não eram maravilhosos?

Não dessa forma que é possível hoje e, boa notícia, está se generalizando.

Mas tem tanta violência contra a mulher, tantos bêbados espancadores, tantos pais que abandonam os filhos que colocaram no mundo.

É verdade! Não há como negar, mas eu também estou fazendo uma denúncia: tem muito homem maravilhoso por aí que ninguém, nem eles mesmos, reconhecem o fato e muito menos as mulheres.

Vamos nos situar?

Antes, era o patriarcado que tem dado nas últimas décadas sinais de estar acabando. É o fim do reinado dos homens?

Nem é exatamente de reinado que se trata. Era um mundo que se organizava pela obediência à ideais, modelos, por padrões que propiciavam a conexão entre seres humanos, tão necessária à nossa sobrevivência enquanto membros de um grupo que nos recebe, protege e garante a nossa sobrevivência, se dele continuarmos a fazer parte.

Nesse tipo de organização social cada gênero tinha ganhos e perdas no exercício de seu papel. Ao homem era dado o papel de potente e à mulher de dependente e obediente, para falar da regra e não das exceções, que sempre existiram.

Como de fato mulheres sempre foram potentes em vários quesitos e nem sempre os homens eram merecedores do estandarte de potência que a cultura lhes colocava nas mãos, e, já que eram os detentores do poder, suas mulheres muito frequentemente os sentiam como o culpado de toda a sua desgraça.

A relação de casal era, no mais das vezes, uma relação de disputa, mesmo que camuflada, do que de parceria.

Homem que ERA homem não podia mostrar fraqueza etc, etc.

Homem que É homem hoje tem feito coisas lindas, como aquele pai que, com sua barriguinha de chope vai à apresentação do dia dos pais da sua pequena filha, vestido de saia de tule de bailaria e dança na “ponta dos pés” com a filhinha para o aplauso enlouquecido da plateia composta de muitos pais. E também aquele que se ajoelha para cantar com o filho de quatro anos, música que emociona outras crianças que o pedem para cantar com elas também.

Na casa da maioria das minhas amigas, são os maridos que pilotam o fogão com alegria e criatividade nos fins de semana e às vezes durante a semana também.

Grandes companheiros no cuidado dos filhos. Minha costureira me dizendo do imenso respeito que tem tido pelos muitos pais que levam as roupas dos filhos para serem concertadas, numa postura de carinho e cuidado.

E aqueles homens que usam barba, cerrada e bem cuidada. Temos uma enxurrada deles fazendo isso porque sabem que isso agrada as mulheres. Alguns o fazem meio sem graça, mas se rendem ao seu desejo de agradar para serem amados. Acho comovente! Eu dou valor nesses movimentos.

Fiz, recentemente uma enquete entre amigas, inclusive as sessentonas, perguntando se elas achavam o homens mais “bons de cama” hoje, e, resultado: os homens hoje são muito mais (pre)ocupados com o prazer da mulher com a qual está na cama. E também são muito mais competentes e generosos no sexo.

Gente, acorda!

Os homens melhoraram muiiiito!

Esses maravilhosos homens do século 21 são capazes de amar melhor!

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Publicado originalmente no jornal O Popular em 28 de agosto de 2023.

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